Vale ressaltar que mediocridades são um veneno terrível que enterra definitivamente as aspirações do povo
A cidadania brasileira está desafiada,
mais uma vez, a viver o necessário discernimento eleitoral, para fazer
escolhas qualificadas no próximo domingo. Esse exercício é de
fundamental importância, pois serão definidos nomes a ocuparem os cargos
eletivos, todos estratégicos para a condução do país. Não é fácil esse
processo de discernimento. A primeira e importante consideração,
necessariamente, é sobre o perfil e a vida de cada candidato. É difícil
encontrar um nome que reúna todos os itens apontados como indispensáveis
para governar e representar bem o poder que pertence ao povo; e que a
ele deve ser devolvido na forma de serviços. Os eleitos precisam ser
pessoas capazes de reconhecer e atender aos anseios da população,
particularmente dos mais pobres. Diante dos critérios a serem
observados, constata-se que processo de qualificada escolha de
candidatos é laborioso, mas isso não pode produzir desânimo.
Nas eleições, o povo tem a chance de
compor um time que, embora possa não alcançar o patamar da seleção
sonhada, seja capaz de produzir avanços na superação urgente de graves
problemas, como as desigualdades sociais. Para isso, é preciso
contrabalançar elementos – trajetória, consistências pessoais, força de
liderança, lastro de representatividade. Essas qualidades, e muitas
outras, precisam ser observadas e identificadas nas pessoas que se
submetem ao sufrágio das urnas. Eleger políticos com perfil marcado pela
articulação dessas características é contribuir para a composição de um
quadro, nos governos e parlamentos, com mais lucidez no trato, defesa e
promoção de tudo que é público.
Vale ressaltar que mediocridades são um
veneno terrível que enterra definitivamente as aspirações do povo. Elas
corroem instâncias de grande importância política e social,
transformando-as em palcos de interesses partidários e de grupos. A
partir da presença de pessoas desqualificadas, governos e parlamentos
tornam-se marcados por uma visão míope das urgências da sociedade,
agravada pela incapacidade de analisar, escolher e agir com rapidez. Não
se pode permitir que um mandato de quatro anos torne-se tempo para o
eleito “ciscar de cá prá lá e de lá prá cá”, obrigando o gigante que é
esta nação a permanecer adormecido. Bom seria contar com uma série de
nomes cuja dificuldade de escolha residisse na excelência dos muitos
perfis, todos sem senões, com os elementos adequados da vida pessoal,
social e política. Infelizmente não é assim.
Não se crê que o ambiente político
partidário vigente consiga produzir essas excelências cidadãs. Ao
contrário, talvez muitas vezes seduza em direção inadequada aqueles que
poderiam construir uma trajetória brilhante no mundo da política. Mas a
sabedoria popular ensina que “não adianta chorar o leite derramado”.
Providências significativas e transformadoras são sonhadas e buscadas,
entre elas a urgência da reforma política, que deve contracenar com um
processo educativo e de configuração social capaz de revitalizar a
cidadania brasileira. Agora, na lista dos nomes a serem escolhidos, com
uma isenção que localiza o discernimento no território da lucidez, é
preciso escolher quem pode representar melhor o povo, sem se sucumbir ao
“peso pesado”, e até perverso, do mundo da política.
Há quem preferiria que se apontassem os
nomes, à moda do chamado “voto de cabresto”, algo totalmente obsoleto e
prejudicial que não pode mais ser o vetor das eleições. Seu contraponto é
o qualificado processo de discernimento. Ainda é tempo para vivê-lo,
confrontando perfis, nomes, histórias e, não menos importante, o fôlego
de candidatos para dar conta de sua missão. A meta dos eleitos não pode se resumir ao sucesso nas urnas.
Definidos como representantes da população nos governos e parlamentos,
eles precisam permanentemente buscar o diálogo, a proximidade com o
povo, disposição para trabalhar com transparência e almejar sempre as
conquistas sociais.
Não é possível, a modo de cartilha,
listar todos os critérios que sirvam de parâmetro para a definição dos
perfis ideais de candidatos. Neste período de preparação que precede a
ida às urnas, é cidadania bem vivida guiar-se também por um razoável
tempo de silêncio e confrontos pessoais para chegar ao nome.
Discernimento eleitoral não é simples emoção, simpatia ou antipatia, cor
partidária, mero conhecimento ou amizade pessoal. O atual momento exige
muito mais esforço de cada pessoa. Todos precisam partilhar a certeza
de que a situação social, o desenvolvimento integral e o tratamento
lúcido da sociedade civil estão no que é poder de cada cidadão: o seu
discernimento eleitoral.
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